BLOGGER FABIO LAZARINI

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

CIENTISTAS GRAVAM CANTO DE GRILO COM MAIS DE 165 MILHÕE DE ANOS (NEWS WORLD)



Se "Parque dos Dinossauros" (1993) fosse filmado hoje, um novo som poderia ser adicionado aos urros e passadas dos dinossauros: o cricri de um grilo jurássico.

Um grupo de cientistas conseguiu reproduzir em laboratório o canto de amor de um tipo de grilo que viveu há 165 milhões, em florestas das atuais China e Mongólia.

O bicho, de cerca de 7 cm, produzia um poderoso som para atrair suas fêmeas para acasalamento batendo os "dentes" das suas asas, como duas paletas musicais.

É mais ou menos a mesma técnica usada pelos grilos de hoje em dia. Só que os insetos atuais são menores e produzem o som com os pelos das asinhas.

A descrição da pesquisa que levou à gravação do canto do "avô" dos grilos e gafanhotos, cuja espécie foi batizada de Archaboilus musicus, está na última edição da revista "PNAS".

O feito foi possível graças a fósseis superconservados do grilo. Esses fósseis guardavam detalhes, visíveis em microscópio, até das asinhas dos bichos jurássicos.

O estudo da anatomia dos grilos fossilizados permitiu visualizar os "dentes" nas asas, que produziam o canto.

Os pesquisadores, então, compararam essa estrutura com 59 espécies de grilos e gafanhotos que vivem hoje em dia e analisaram o som que cada um deles emite.



CRICRI NA FLORESTA

Depois, o grupo --composto por paleontólogos, especialistas em evolução de insetos e em acústica-- reproduziu o ambiente em que viveram os grilos há 165 milhões de anos, composto basicamente por araucárias.

Isso foi necessário para que os especialistas compreendessem como o som repercutia pelo ambiente --afinal, o canto do grilo precisava ser ouvido pelas fêmeas.

"A descoberta indica que a comunicação por canto já era usada por animais desde o período Jurássico médio", comentou Daniel Robert, da Universidade de Bristol, no Reino Unido. Ele é um dos coordenadores da pesquisa, feita com cientistas chineses.

O canto dos grilos é importante para o macho, pois indica à fêmea onde ele está e mostra suas habilidades.

A reprodução do canto do grilo jurássico pode elucidar questões importantes sobre a evolução das espécies.

Por exemplo, os cientistas acreditam que a emissão de sinais ultrassônicos pelos morcegos --que podem ser ouvidos pela fêmea, mas passam despercebidos pelo predador-- foram uma resposta evolutiva desenvolvida cerca de 100 milhões de anos depois da época em que viveram os grilinhos jurássicos.

De acordo com o entomologista Eduardo Fox, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), o estudo da bioacústica, usando microscopia eletrônica e comparação com espécies atuais, está ganhando espaço na ciência.

"Insetos são importantes modelos de estudo de evolução. Eles são bem diversos, deixaram muitos registros fósseis e são fáceis de manipular em laboratório."

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