BLOGGER FABIO LAZARINI

segunda-feira, 6 de junho de 2011

GANHADOR DA MEGA-SENA AFIRMA QUE FOI VÍTIMA DE UMA ARMAÇÃO...

O prêmio milionário virou caso de polícia depois que várias pessoas que fizeram um bolão procuraram a delegacia dizendo que o ganhador teria

recebido o bilhete de um dos integrantes do grupo.
Em entrevista exclusiva, o ganhador, que levou sozinho quase R$ 120 milhões, diz que foi vítima de uma armação.

No apartamento de luxo recém comprado, o empresário de 66 anos fala pela primeira vez da emoção de se tornar milionário da noite para o dia. “Eu conferi um, conferi o segundo. Quando foi no terceiro, eu conferi e estava lá. Poxa vida, foi uma emoção. Eu ganhei na Mega-Sena’”, revela.

Com quase R$ 120 milhões no bolso, o ganhador mudou de cidade e passa o tempo investindo em imóveis e fazendo muitas compras.

Fantástico: Qual foi a primeira coisa que o senhor fez com o dinheiro?
Ganhador da Mega-Sena: Comprei dois carros.
Fantástico: No mesmo dia?
Ganhador da Mega-Sena: No mesmo dia.

Mas a história de Bino, que por questão de segurança prefere não mostrar o rosto, não é a de um apostador comum. Menos de uma semana após ganhar o prêmio, ele deixou de ser apenas o vencedor da Mega-Sena para se tornar alvo da polícia, suspeito de comandar uma fraude milionária. “Eu fui vítima de uma armação”, afirma.

Bino foi acusado de ter roubado o bilhete premiado de outros apostadores e teve que dar explicações na polícia. “A minha ansiedade de limpar o meu nome. Limpar não, porque ele não está sujo, mas comprovar que eu não tenho maldade. Não teve nada de falcatrua com este prêmio”, explica.

De um lado, está o empresário. Do outro, um grupo de colegas de trabalho reunidos em um bolão. São personagens de uma briga que começou em uma lotérica de Fontoura Xavier, cidade de 11 mil habitantes no norte do Rio Grande do Sul.

A aposta vencedora no dia 6 de outubro foi feita no local. Era o início da disputa pelo maior prêmio individual já pago pela Mega-Sena no Brasil.

Em jogo, estavam R$ 119.142.144,27. Segundo a Caixa Econômica Federal, esse dinheiro rende R$ 750 mil por mês, se for colocado em uma poupança. O prêmio milionário virou caso de polícia depois que um grupo de funcionários da prefeitura procurou a delegacia com uma denúncia: Bino teria recebido o bilhete vencedor de um dos integrantes do bolão.

“Nós estamos aqui certamente pela Justiça, que seja a justiça feita pelos bilhetes que nós fizemos aqui”, diz o chefe de equipe José Cláudio Vasconcelos.

O encarregado de fazer o bolão foi Décio Sabadin, indiciado pela polícia como participante da suposta fraude. Ele é quem teria passado o cartão para Bino. De acordo com o grupo, no dia seguinte ao sorteio da Mega-Sena, Décio se reuniu com os outros para prestar contas das apostas, mas teria apresentado apenas 18 dos 19 bilhetes jogados.

“Tinha 18 cartões. Falamos para ele, e ele foi atrás dos outros e apareceu com 19 cartões. Daí, o Mauro viu que era um cartão anterior, do jogo passado”, conta o operador de máquinas Sebastião de máquinas.

Cresceu a suspeita de que Décio teria repassado o bilhete vencedor para Bino. “Porque se o prêmio fosse dividido por 11, seria bem menor. Com a fraude que fizeram, seriam bem melhor”, afirma Décio.

Décio diz que devolveu todos os bilhetes aos colegas, nenhum deles com os números sorteados. E afirma: não passou o bilhete para Bino. “Eu ia ficar rico, e os colegas ricos também. Porque eu ia fazer isso com uma pessoa que eu não tenho relação nenhuma?”, afirma.

Operador de máquinas em Fontoura Xavier, Décio mantém uma vida simples, com o salário de R$ 1,5 mil que sustenta a família. “O peso é muito grande, de ser acusado de uma coisa que nunca passou pela minha cabeça fazer”, declara.

Durante seis meses, o Departamento Estadual de Investigações Criminais ouviu testemunhas, fez interceptações telefônicas e quebrou os sigilos bancários dos envolvidos. Em abril, cinco pessoas foram indiciadas por estelionato, formação de quadrilha e falso testemunho, entre elas Bino e Décio Sabadin.

“Para nós, há indícios de fraudes. Mas é o suficiente para que a gente possa fazer o indiciamento destas pessoas e colocar os autos à disposição do Judiciário. Não podíamos nos omitir”, afirma o delegado de polícia Heliomar Franco.

Os participantes do bolão pediram na Justiça o bloqueio do prêmio e a prisão do empresário, mas não foram atendidos. Na última semana, a Justiça mandou arquivar o inquérito policial.

Para o judiciário, não ficou evidenciada a prática de qualquer crime por parte dos indiciados e a investigação apresenta apenas hipóteses sem provas. O despacho ainda determina que os apostadores do bolão sejam investigados por denúncia caluniosa.

Entre as provas apresentadas pelo ganhador do Mega-Sena, está o extrato das apostas feitas por ele. O bilhete premiado aparece no meio de uma sequência de 54 jogos, registradas com apenas alguns segundos de diferença, a partir das 16h38.

Para o promotor que pediu à Justiça o arquivamento do inquérito, seria impossível que o bilhete jogado em meio a tantas apostas de Bino pudesse ser do bolão dos funcionários da prefeitura.

Fantástico: O senhor foi vítima de uma fraude?
Bino: Com certeza.
Fantástico: Por quê?
Bino: Eu até gostaria de saber o porquê.

Os advogados dos funcionários da prefeitura de Fontoura Xavier, o grupo do bolão, informaram que um outro processo cível contra Bino tramita na Justiça Federal.

Mas para o ganhador da Mega-Sena a decisão que arquivou o processo criminal e liberou o dinheiro do prêmio trouxe paz depois de nove meses de insegurança.

Fantástico: O senhor pode dizer que a partir de agora vai poder aproveitar?
Bino: Sim, a partir de agora eu vou ser o home mais feliz do Brasil, com certeza.

Porque agora eu tenho a minha família que não chora mais. De anteontem para cá é só festa, acabou até o estoque de champanhe aqui.

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