Os nove meses de gestação não precisam mais terminar para ter o bebê nas mãos. Um exame que entra neste mês no mercado no país oferece a possibilidade de imprimir o feto em três dimensões.
O resultado é uma réplica do bebê em tamanho real, feita de um material similar ao gesso ou de um tipo de resina --e, a depender da escolha dos pais, até de prata.
Até agora, afirma o ginecologista Heron Werner Jr., o método estava sendo usado só para pesquisas com foco em malformações, como tumores cervicais, lesões externas, fenda no lábio e problemas nos membros e na coluna.
Casos como esses ainda devem ser as principais indicações do exame, que está em testes há mais de cinco anos.
Um dos objetivos, segundo o especialista em medicina fetal, é entender melhor os problemas do feto. "A ideia é transformar isso numa interface amigável para a equipe. É mais fácil discutir o caso mostrando um modelo físico e não só vê-lo na tela."
Algumas malformações podem requerer cirurgias logo após o nascimento, que podem ser mais bem planejadas com o modelo impresso, diz Werner. Outra vantagem é facilitar a comunicação do problema aos pais.
Mas, assim como aconteceu com a ultrassonografia 3D e a apelidada de 4D (em que é possível ver uma imagem tridimensional do feto se mexendo em tempo real), a nova tecnologia também deve servir para os pais guardarem uma lembrança do período de gestação do filho.
Da impressão em 3D, leva-se uma réplica que pode virar até pingente de prata. "Não é esse o objetivo inicial, mas acaba pegando carona. A cópia é muito fiel."
COMO É FEITO
A grávida precisa se submeter a um ultrassom ou a uma ressonância magnética para que os médicos obtenham os dados matemáticos das dimensões e do formato do feto. Depois de processadas no computador, essas informações são enviadas para a impressora 3D.
O custo do exame, disponível no laboratório Alta Excelência Diagnóstica, aberto neste mês em São Paulo, ainda não está fechado. A impressão é feita nos laboratórios do Instituto Nacional de Tecnologia, por meio de uma parceria público-privada.
Só essa parte final do processo custa, em média, R$ 600. Mas o valor vai variar conforme o material e o tamanho do feto.
De acordo com Rita de Cássia Sanchez Oliveira, coordenadora da equipe de medicina fetal do hospital Albert Einstein, a nova técnica pode ser vantajosa para gestantes com deficiência visual, que não têm como acompanhar os exames tradicionais.
"Elas sentem falta de alguma coisa. Uma me pediu para gravar os batimentos cardíacos do bebê para colocar no celular", afirma.
Em termos de avanços diagnósticos, no entanto, Oliveira acha que os métodos usados hoje já são suficientes para a comunicação entre os médicos sobre possíveis malformações.
Mas,
quanto aos pais, a impressão pode oferecer vantagens. "Por mais que você mostre na tela, não é a mesma coisa."
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